segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Operação adia regresso a Díli de ex-ministra das Finanças que está a ser julgada - defesa


Díli, 31 out (Lusa) - A ex-ministra das Finanças timorense, que está a ser julgada no Tribunal de Díli, só poderá regressar a Timor-Leste depois de ser operada a um pé no dia 05 de novembro, disse à Lusa o seu advogado.

José Camões, advogado de defesa de Emília Pires, explicou que a sua cliente deveria ter voltado a Díli este mês, depois de uma viagem ao estrangeiro em representação do Estado, mas que um problema antigo no pé "se agravou" necessitando de cirurgia.

"Os médicos analisaram a situação e comprovaram que ela tem que ser operada, que não há outra solução. Vai ser operada no dia 05 de novembro", explicou à Lusa.

"Só depois da operação saberemos quanto tempo terá de recuperação e exatamente quando poderá voltar", explicou.

A defesa remeteu já ao Tribunal de Díli um atestado médico a comprovar a necessidade da operação acompanhado de um pedido para que Emília Pires possa ser substituída por mandatários no seu julgamento, como está previsto no Código do Processo Penal.

A próxima audiência no processo está marcada para 04 de novembro, devendo o Tribunal Distrital pronunciar-se sobre esse pedido da defesa e determinar os passos seguintes no processo que está praticamente no final.

Recorde-se que o coletivo de juízes deu na passada segunda-feira a Emília Pires um prazo de cinco dias para regressar a Timor-Leste e entregar o passaporte, recusando estender a autorização que lhe deu para sair do país.

Emília Pires, que é acusada, com a ex-vice-ministra da Saúde Madalena Hanjam, de participação económica em negócio e administração danosa, pediu autorização ao Tribunal de Díli para se ausentar do país para realizar uma viagem em representação do Estado timorense.

As duas ex-governantes estão sujeitas a medidas de coação que incluem a proibição de saída do país, mas o juiz autorizou que que Emília Pires representasse Timor-Leste em vários encontros nos Estados Unidos da América e na Europa.

No entanto, a autorização era até 19 de outubro, data em que Emília Pires deveria ter regressado a Timor-Leste, para entregar o passaporte a 20 de outubro e ser ouvida, nas suas declarações finais no tribunal, no dia seguinte.

A defesa de Emília Pires, porém, apresentou um requerimento a 18 de outubro para solicitar o adiamento do regresso para 01 de novembro e para prescindir das declarações finais de Emília Pires, o último passo antes de o julgamento ficar visto para sentença.

O tribunal deferiu a opção de não prestar declarações mas rejeitou o pedido de adiamento e ordenou que a ex-ministra apresente o passaporte em cinco dias.

Emília Pires e Madalena Hanjam são acusadas de irregularidades na compra de centenas de camas hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da primeira, com um suposto conluio entre os três para a concretização do negócio, no valor de 800 mil dólares.

Nas alegações finais, o Ministério Público deu todas as acusações como provadas e pediu penas de prisão de 10 anos para as duas arguidas.

As alegações finais da defesa ficaram marcadas por críticas ao Ministério Público e à forma como o processo foi conduzido desde o início, em 2012.

O julgamento começou há um ano e foram ouvidas dezenas de testemunhas, incluindo os ex-Presidentes Xanana Gusmão e José Ramos-Horta e o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri.

ASP// ATR

Sem comentários: