quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A CORAGEM DE UM POVO IMPAR RESULTOU NA INDEPENDÊNCIA DA NAÇÃO TIMORENSE


Timor-Leste comemorou 17 anos de uma das últimas fases que o conduziu à independência, 30 de Agosto de 1999, o referendo. Muitos jovens desconhecem essa fase e  fases anteriores da luta timorense pela independência – proclamada unilateralmente em 1975 em rejeição à colonização do território por Portugal durante mais de 400 anos.

Meses depois da proclamação da independência a vizinha Indonésia invadiu o território e ocupou-o, anexando-o como sendo uma província indonésia. Durante 24 anos assim foi, sempre com a contestação dos timorenses. Sempre com a resistência do braço armado timorense, as Falintil – que na independência após o referendo de 1999 asumiu-se como F-FDTL, Falintil – Forças de Defesa de Timor-Leste, as suas Forças Armadas.

O ocupante indonésio, comandado pelo ditador Suharto, cometeu um terrível genocídio em Timor-Leste nos 24 anos de ocupação. Mais de 200 mil timorenses foram barbaramente assassinados pelo exército e pelas polícias de Suharto. Esse genocídio está por julgar.

Fases bastante difíceis têm vindo a ser superadas pelo povo timorense. A Nação Timorense ainda hoje está a dar lições ao mundo. Apesar das carências e de crises políticas pós-independência tem conseguido preservar a paz, sendo que a crise mais grave registou-se em 2006, num golpe de Estado perpetrado por Xanana Gusmão.

Apesar de tudo houve eleições e alguns dos itens da democracia têm vindo a ser implantados, preservados e desenvolvidos.

A destruição de Timor-Leste foi quase total após o resultado favorável à independência no referendo agora comemorado. As infraestruturas existentes, casas, edifícios e outras igualmente essenciais, foram completamente destruídas pelo exército, pelas polícias indonésias e pelas milícias a soldo do ocupante indonésio. Timor-Leste era o cenário de destruição massiva com que os primeiros elementos da ONU, de militares e de polícia da ONU e repórteres de várias nacionalidades se depararam. Essas destruições e assassinatos prosseguiram mesmo durante a presença da ONU e das forças militares internacionais, entre as quais de Portugal. Predominantemente da Austrália.

Forças militares australianas, policiais e secretas, durante os anos que permaneceram em Timor-Leste, muito fizeram para tomar a posição de ocupante do país sob a máscara da proteção e da garantia da paz e da democracia. A ONU aquiesceu complemente às políticas, ações e pretensões da Austrália. Valeu a Timor-Leste a rejeição dos timorenses a um cenário desses, assim como as denúncias desses propósitos por parte da comunidade internacional. Os registos podem ainda ser consultados na internete.

Prova do espírito neocolonialista da Austrália está ainda hoje patente na ocupação do Mar de Timor e o roubo insistente do petróleo e gás que extrai indevidamente em seu próprio benefício. Até que internacionalmente tribunais competentes declarem o que devem: que as fronteiras marítimas sejam repostas e respeitadas no Mar de Timor de acordo com as disposições das leis internacionais que as regulam. Enquanto isso não aconteça o roubo dos bens timorenses continuarão a ser a prática dos neocoloniais “amigos” australianos representados pelos seus governos.

Este é um breve e simples resumo do ocorrido em Timor-Leste até à sua completa tomada da soberania.

Recorrendo à Wikipédia, a temática do referendo de 1999 fica exposta também de forma resumida, mas de algum modo esclarecedor sobre a luta incessante e heróica da Nação Timorense pela sua independência. Atualmente há timorenses que padecem de imensas carências, contudo o desenvolvimento e o aumento de postos de trabalho é notório – pese embora a exploração a que os trabalhadores estão a ser submetidos. Mais postos de trabalho, insuficientes, é certo, mas notórios. Noutros setores também há que registar progressos que a maioria das nações, em quinze anos, nunca conseguiram atingir, sendo Timor-Leste um exemplo a seguir. É também aí que Timor-Leste ainda dá lições ao mundo.

Um dos maiores problemas do país assenta no setor da Justiça, que se revela deficiente e, por vezes, a servir clãs e interesses avessos à lei, à ordem e à própria justiça. Já se sabe que sem um setor de justiça independente, forte e impoluto não há democracia nem justiça social que progrida como deve.

O problema da corrupção e o que lhe é inerente é considerado enorme por observadores fiáveis e é voz corrente entre a população. O próprio Presidente da República, Taur Matan Ruak, também já o referiu em discurso polémico.

Na atualidade parece que um “tampão” traz a corrupção alegadamente existente silenciada. Há uma garantia: os timorenses são tolerantes, mas mais cedo que tarde enfrentam as situações que lhes desagradam e os prejudicam. Os corruptos que se cuidem. É notório que a coragem de um povo impar resultou na independência da Nação Timorense. Essa é a garantia do sucesso de Timor-Leste. A esperança é a última a morrer.

MM / AV com Wikipédia

Foto: Filas infindas de timorenses acorreram corajosamente às secções de voto para reclamarem a independência da nação timorense.

Crise de Timor-Leste de 1999

A crise no Timor-Leste de 1999 começou quando as forças de oposição à independência deste país atacaram civis e criaram uma situação de violência generalizada em toda a região, principalmente na capital, Díli. A violência começou depois que a maioria dos timorenses votaram pela independência da Indonésia em um referendo realizado em 1999.[1] Para impedir esses incidentes, que mataram cerca de 1400 pessoas, fez-se necessário a implantação de uma força das Nações Unidas, (INTERFET, formada principalmente por membros do exército australiano) para pacificar a situação e manter a paz.

Antecedentes: referendo

Em 1999, o governo indonésio decidiu, sob forte pressão internacional, realizar um referendo sobre o futuro de Timor-Leste. Portugal, que desde a invasão do território lutava pela sua independência, obteve alguns aliados políticos, em primeiro lugar na UE, e depois de vários países do mundo, para pressionar a Indonésia. O referendo, realizado a 30 de agosto de 1999, deu uma clara maioria (78,5%) a favor da independência, rejeitando a proposta alternativa de Timor-Leste ser uma província autônoma no seio da Indonésia[1], conhecida como a Região Autônoma Especial de Timor-Leste (RAETL).

Violência

Imediatamente após a publicitação dos resultados da votação, forças paramilitares pró-indonésias de Timor-Leste, apoiadas, financiadas e armadas pelos militares e soldados indonésios realizaram uma campanha de violência e terrorismo de retaliação pelo resultado.[1] Cerca de 1400 timorenses foram mortos e 300 000 timorenses foram forçados a deslocar-se para Timor Ocidental, a parte indonésia da ilha de Timor, como refugiados. A maioria da infraestrutura do país, incluindo casas, escolas, igrejas, bancos, sistemas de irrigação, sistemas de abastecimento de água e quase 100% da rede elétrica do país foram destruídos. Segundo Noam Chomsky: "Em um mês, a grande operação militar assassinou cerca de 2.000 pessoas, estuprou centenas de mulheres e meninas, deslocou três quartos da população e destruiu 75 por cento das infraestruturas do país."

InterFET

Em todo o mundo, especialmente em Portugal, Austrália e Estados Unidos, ativistas pressionaram os seus governos para tomarem medidas, e o presidente dos Estados Unidos,Bill Clinton, ameaçou a Indonésia com sanções econômicas, como a retirada dos empréstimos do FMI.[3] O governo da Indonésia aceitou retirar as suas tropas e permitir que uma força multinacional no território para estabilização.[4] Ficou claro que a ONU não tinha recursos suficientes para combater as forças paramilitares diretamente. Em vez disso, a ONU autorizou a criação de uma força militar multinacional conhecida como InterFET (Força Internacional para Timor-Leste), com a Resolução 1264. Em 20 de setembro de 1999 as tropas de paz da Força Internacional para Timor-Leste (InterFET), liderada pela Austrália, foram implantadas no país, o que pacificou a situação rapidamente. As tropas da InterFET eram provenientes de 20 países, sendo cerca de 9.900 no total, no início; destes, 5.500 vieram da Austrália, da Nova Zelândia vieram 1.100 e ainda houve contingentes da Alemanha, Bangladesh, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Filipinas, França, Irlanda, Itália, Malásia, Noruega, Paquistão, Portugal, Quênia, Reino Unido, Singapura e Tailândia. A força foi conduzida pelo major-general Peter Cosgrove. As tropas desembarcam em Timor-Leste em 20 de setembro de 1999.

Ver em Wikipédia

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